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> Escrevo estas poucas linhas que é para saber que estou viva.
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> Escrevo devagar porque sei que não gosta de ler depressa. Se receber esta
> carta, é porque chegou. Se ela não chegar, avise-me que eu mando outra.
>
> O teu pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorre a 1 km de casa.
> Por isso, mudamo-nos pra mais longe.
>
> Sobre o casaco que queria, o teu tio disse que seria muito caro mandar pelo
> correio por causa dos botões de ferro que pesam muito. Assim, arranquei os
> botões e coloquei-os no bolso. Quando chegar aí, pregue-os de novo. *
> *
> No outro dia, houve uma explosão no botijão de gás aqui na cozinha. Teu pai
> e eu fomos atirados pelo ar e caímos fora de casa. Que emoção! Foi a
> primeira vez em muitos anos que o teu pai e eu saímos juntos. *
> *
> Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi atropelado e tiveram que lhe cortar
> o rabo, por isso toma cuidado quando atravessar a rua. *
> *
> Tua irmã Laura vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina.
> Portanto, não sei se vai ser tio ou tia. *
> *
> Hoje, teu irmão Marcos me deu muito trabalho. Fechou o carro e deixou as
> chaves lá dentro. Tive de ir em casa, pegar a reserva para a abrir. Por
> sorte, cheguei antes de começar a chuva, pois a capota estava arriada. *
> *
> Se vir a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vir, não
> digas nada. *
> *
> Um beijo,
> Tua mãe
>
> PS: Era para te mandar os 300 reais que me pediu, mas quando me lembrei já
> tinha fechado o envelope
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